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Terça, 13 de fevereiro de 2007, 13h00  Atualizada às 14h16
Escolas do Rio voltam a falar na África após sumiço de três anos
 
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Depois de três anos fora da Sapucaí, o tema África volta com força para a avenida nos enredos de três escolas que abriram mão do patrocínio em troca da liberdade de escolher seus temas.

Beija-Flor, Salgueiro e Porto da Pedra, todas desfilando na segunda-feira de Carnaval, prometem inovar em um assunto considerado batido, mas que já garantiu muitos títulos para as agremiações.

Depois de amargar um quinto lugar em 2006 com o enredo comprado pela cidade de Poços de Caldas, a tri-campeã Beija-Flor (2003/2004/2005) vai gastar R$ 7 milhões - R$ 2,7 milhões da Liga das Escolas de Samba (Liesa) e o restante do bolso do presidente de honra, Aniz Abrahão David, para tentar voltar à liderança do espetáculo.

"Sempre que pode a escola vem com esse tema, que já lhe deu títulos no passado", conta o carnavalesco Alexandre Louzada. Ele destaca que a maioria dos componentes da escola de Nilópolis é negra e esta será uma maneira de homenageá-los, sem bater na tecla do sofrimento do povo escravizado ou das lutas travadas no continente.

"Vamos coroar a identidade da negritude da comunidade Beija-Flor, trazendo uma África rica, sem sofrimento, que não se deixou escravizar, apesar de serem escravos", explica.

A escola ganhou campeonatos com o tema África em 1978, com a "Criação do mundo na tradição Nagô", e em 1983 com "A grande constelação das estrelas negras". Na mesma linha navega o Salgueiro, que tenta esquecer o 11o lugar do ano passado depois do polêmico enredo sobre o microcosmos, que trouxe para a avenida o minúsculo mundo da natureza. A escola perdeu preciosos pontos em fantasia por ter mostrado também animais como gafanhotos, formigas e peixes, que para a jurada do quesito não representavam o tema.

Contando com os recursos da Liesa e com a arrecadação de ingressos dos ensaios na quadra, o diretor cultural do Salgueiro, Paulo Cesar Barros, explica que a África que levará para a avenida também é diferente do que já foi mostrado. "Estava pesquisando para o enredo do Fogo (Salgueiro, 2005) quando encontrei as Candances, uma dinastia de rainhas da África Oriental que comandaram, antes da era cristã, um dos mais prósperos impérios do continente", diz o diretor.

A aposta vem também do fato de que dos oito títulos do Salgueiro quatro foram com o tema relacionado à negritude, conta Barros. "E o enredo deste ano inspirou um samba muito bom, as pessoas estão cantando com o queixo para o alto. Isso vem do tema, que é muito forte", avalia.

Na Porto da Pedra, que raspou perto do rebaixamento no ano passado ao ficar em 12º lugar com o seu "Bendita é tu entre as mulheres do Brasil", o carnavalesco Milton Cunha promete passar longe dos estereótipos e apostar nos temas polêmicos.

"A minha África não é a África turística, não tem elefantinho, orixá...eu quero discutir o racismo no mundo e no Brasil, mostrar o apartheid, vai ser barra pesada mesmo", afirma.

Cunha vai contar também com o dinheiro da Liesa e estima em R$ 3 milhões o valor total do "Preto e Branco a cores", seu enredo que pretende comparar a África do Sul ao Brasil, relembrando figuras como o líder político sul-africano Nelson Madela e o ativista brasileiro Abdias do Nascimento.
 

Reuters

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